Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
Características e detalhes dos anéis de Saturno.
Saturno gira ao redor do Sol em 29,5 anos (terrestres) à distância média de 1,4 bilhão de quilômetros, ou seja, quase o dobro de Júpiter. Planeta gigante, o segundo maior do sistema solar, com uma massa 95 vezes maior que a da Terra, possui composição e estrutura muito semelhantes às de Júpiter. Saturno executa sua rotação em 10h14min, numa velocidade tão rápida quanto a de Júpiter. A grande fama e popularidade desse planeta se origina dos anéis que o circulam, com cerca de 70 mil quilômetros de largura e um de espessura.
Pelo telescópio, apenas três desses anéis podem ser vistos. Mas as sondas interplanetárias Pioneer 2 (em 1980) e Voyager 2 (em 1981) revelaram que eles são milhares, separados por inúmeras divisões ou lacunas que correspondem a órbitas instáveis, onde quase não circulam os fragmentos que compõem o sistema de anéis. Durante muitos anos, pensou-se que esses anéis fossem gasosos: depois, que fossem sólidos. Sabe-se hoje que são compostos de milhares de minúsculas partículas que, vistas de longe, parecem construir uma massa sólida. No entanto, a origem dos anéis ainda permanece obscura.Se, por um lado, pode-se imaginar que eles resultam da desagregação ou mesmo do esfacelamento de um ou vários satélites naturais de Saturno que se aproximaram muito de planeta, por outro, acredita-se também que se trate de um satélite que não conseguiu se constituir, ou seja, não se condensou. Ao redor de Saturno giram dezessete satélites conhecidos. Mas esse número deve ser bem superior, pois as naves Pioneer e Voyager coletaram informações sobre outros satélites cuja descoberta definitiva ainda depende da confirmação. O maior dos satélites é Titã, com um diâmetro de 4320 quilômetros. Sua atmosfera possui grande porcentagem de metano.
Tal descoberta foi feita em 1944 pelo astrônomo americano Gerard Kuiper (1905 – 1972). A Pioneer 2, em 1979, encontrou Titã coberto por uma atmosfera avermelhada e admite-se a possibilidade de que ela comportaria o desenvolvimento de formas de vida, embora nada de concreto tenha sido descoberto. Febo, o satélite mais externo, é o único que possui movimento retrógrado, ou seja, gira no sentido contrário dos demais. Alguns astrônomos acreditam que ele é um antigo asteróide capturado pelo campo gravitacional de Saturno.
Saturno e seus anéis oferecem ao espectador um dos espetáculos mais fascinantes do sistema solar e talvez do céu. A olho nu, tem o aspecto de uma estrela de primeira grandeza, de coloração amarelada. Mas com uma modesta luneta (aumento de 50 vezes) é possível observar o anel como uma encantadora miniatura. Com um instrumento de 75 milímetros de abertura e um aumento de 100 vezes será possível distinguir a diferença entre a borda exterior e a interior, quando os anéis estão suficientemente abertos. Em caso de uma imagem extremamente calma, é possível observar nas efemérides do anel, a divisão de Cassini, que separa as duas regiões. Com uma luneta ou telescópio de 120 milímetros pode-se visualizar o anel interior escuro – o anel de crepe. Os detalhes do globo de Saturno são muito análogos aos de Júpiter. Observamos faixas escuras e zonas claras com algumas manchas. As bordas do globo parecem muito difusas em virtude da absorção exercida pela sua espessa atmosfera.
O astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é membro da Comissão de Estrelas Múltiplas e Duplas de História da Astronomia e de Asteróides e Cometas da União Astronômica Internacional.
Revista Super Interessante n° 033
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